quinta-feira, 31 de maio de 2012

"Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso"

Gente, quero compartilhar com vocês a relação de amor - e ódio, mas o amor prevalece - que aprendi a ter com a cidade de São Paulo.

O título do post é uma bela definição para São Paulo, celebrada por Caetano Veloso na música "Sampa", de 1978. Vamos lá, com a letra e o link do vídeo no Youtube.



Sampa
Caetano Veloso


Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
da dura poesia concreta de tuas esquinas
da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee
a tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João


Quando eu te encarei frente a frente e não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso


Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
da força da grana que ergue e destrói coisas belas
da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Pan-América das Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mas possível novo quilombo de Zumbi
E os Novos Baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa


http://www.youtube.com/watch?v=i0KRUGGajto


Encararei essa bela canção como um relato de alguém que está chegando nessa selva de concreto, mais conhecida como São Paulo. Farei, com base nessa música, o meu próprio relato, mesmo porque, na minha opinião, ela é tão perfeita que dispensa meus comentários! 


Sampa é um paradoxo: consegue ser tanto encantadora quanto assustadora. A cidade não me era de todo desconhecida. Pelo menos, era nisso que eu acreditava até precisar me mudar pra cá. A aprovação do vestibular da USP me trouxe pra esse mundo paralelo que é a capital paulista. Eu me lembro daquele ano de 2009 como se fosse ontem: Não parava de chorar! Sampa me engoliu! Metrô? Ônibus circular? USP? E encontrar a moradia então? O maior dos obstáculos até hoje, sem dúvida. Claro que bateu o desespero! Realidade bastante bagunçada pra quem vem de uma pacata cidade do interior paulista...


E eu cheguei aqui parecendo um bichinho assustado! Hoje rio quando me lembro dos meus chororôs iniciais. Claro que é extremamente complicado sair da casa dos pais, principalmente quando se é a filha caçula, mas ainda não tinha a dimensão da minha escolha. Chegando aqui me deparei com um jeito diferente de viver. E com ele, meus medos vieram à tona. Não andava a pé, muito menos à noite. Nem acompanhada, acreditem! Atravessava as ruas trêmula, com medo de todas as pessoas daqui. Sim, eu tinha medo de gente! E as pessoas dessa cidade andam sem olhar para ninguém: Ou estão no celular, trabalhando na maior parte das vezes, ou olham para o chão e ouvem música em seus fones de ouvido e passam por mim quase correndo: Paulistano tem pressa! 


Até que fui aprendendo a gostar. Descobri uns pedacinhos muito queridos dessa cidade, dois deles, conto a vocês. Em primeiro lugar, a USP. Ah, como eu me sinto em casa dentro da Cidade Universitária! Local da minha graduação e do meu primeiro emprego. Claro que há imensos problemas por lá... Mas minha paixão não se abala!
Depois, Avenida Paulista. Que lugar incrível! A primeira vez que por lá andei sozinha parecia que tinha mergulhado em outro mundo. Milhões de pessoas entrando e saindo das estações de metrô, dos ônibus, dos carros, cruzando a avenida. Coisa de louco! Mas eu me sinto bem andando por lá! O amor pela Paulista aumenta muito na época do Natal. A cada ano que passa aquele lugar fica mais belo com os adornos natalinos. E eu adoro luzes e cores, principalmente quando elas surgem no meio de uma cidade cinza. Outro paradoxo: Mesmo sendo eternamente cinza, São Paulo tem belíssimos dias coloridos.


Gradativamente me adaptei à nova realidade. Fui percebendo que as diferenças sociais por aqui são gritantes, até mesmo revoltantes. Vivemos num contraste entre os extremamente ricos e os miseravelmente pobres. É óbvio que sou afetada por esses problemas. Afinal chego da casa dos meus pais em plena segunda-feira às oito da manhã. E o metrô daquele jeito... É muito difícil ficar no trânsito em épocas de chuva, por exemplo. Eu falo pras pessoas que em Sampa deveria ser proibido chover! Meu Deus, dez minutos de chuva que sejam, pronto! O caos se instala. E aqueles que levariam meia hora pra chegar em casa acabam chegando duas horas depois... Também acho difícil estar cercada de pessoas e sentir-me só, muitas vezes. Para mim, o paradoxo mais dolorido. 


Por aqui experimentei uma grande diferença na relação tempo/espaço: O "pertinho" aqui não leva cinco minutinhos pra eu atingir não, como ocorre em Capivari, minha cidade. "Pertinho" aqui leva meia hora! Bizarro, né? Hoje já estou acostumada. Já me viro sozinha, de dia, de noite, aqui no "meu pedaço". Nem poderia ser diferente. O ser humano evolui e se adapta a muitas realidades. Apesar dos incomensuráveis problemas da cidade (trânsito, poluição, falta de transporte público, preço exponencialmente elevado de TUDO), aprendi a ver um lado interessantíssimo dessa cidade: Ela respira cultura! Cultura, intelectual, musical, gastronômica... Aqui encontram-se italianos, japoneses, árabes, chineses, judeus, coreanos e pessoas de todas as regiões do Brasil. Taí outro paradoxo: Já não cabe uma agulha na cidade, mas ela sempre recebe mais um morador.


Como pessoa, cresci muito vivendo em Sampa. Aqui aprendi a ter ainda mais iniciativa pra fazer as coisas, a otimizar meu tempo, questão muito importante, pra qual eu não ligava muito, e a usar meu dinheiro de um jeito mais responsável. Também aprendi a conviver com amigos, pois moro numa república, mas esse é assunto de outro post. Sei que essa cidade ainda tem muito a me ensinar e quero aprender cada vez mais com ela. Não posso afirmar que conheço São Paulo. Mas com certeza aprendi a viver por aqui.


Gostei de contar a vocês um pouquinho da minha história! Beijos, queridos leitores! E ouçam Caetano, sempre!





segunda-feira, 28 de maio de 2012

"Maio já está no final..."

Oi gente! 

Pelo título do post já dá pra sacar de qual é a música vou falar, né?! Para quem não conhece, a canção é "Maio...", composição de George Israel e Paula Toller, ambos do Kid Abelha, banda que nasceu nos anos 80 e que está na estrada - com sucesso - até hoje. Seguem a letra e o link do vídeo no Youtube do disco "Acústico MTV", de 2002. 

Maio...

MaioJá está no finalO que somos nós afinalSe já não nos vemos maisEstamos longe demaisLonge demaisMaioJá está no finalÉ hora de se moverPra viver mil vezes maisEsqueça os mesesEsqueça os seus finaisEsqueça os finaisEu preciso de alguémSem o qual eu passe malSem o qual eu não seja ninguémEu preciso de alguém

http://www.youtube.com/watch?v=PR2aq5kgoow

Esse post nasceu de uma sugestão da minha querida prima Beatriz. Após a dica que ela me passou, voltei a ouvir essa música e a me lembrar do disco Acústico MTV Kid Abelha. A banda reafirmou o sucesso e a qualidade musical com esse disco, que ficou entre as mais tocadas nas rádios do Brasil inteiro durante alguns meses.

E lá vem minha nostalgia... Esse foi o último CD que eu adquiri, no ano de 2003. Depois disso, passei a gravar músicas "baixadas" da internet, comprar um disco tornara-se ultrapassado. Mas minha última aquisição valeu à pena. Todo o álbum é lindo e gostoso de ouvir. A roupagem acústica dá outro sabor às músicas que conhecemos em versões um pouco mais agitadas.

Esta canção me faz refletir sobre o tempo. O tempo que se esvai tão rapidamente e que nos faz pensar que quase meio ano já se passou. É chegada a "hora do desespero": Os prazos de trabalhos e provas finais da faculdade estão se aproximando em uma velocidade inacreditável! Daqui pra frente percebemos que não dá pra adiar mais nossos projetos, afinal estamos no fim do semestre (SOCORRO!) Em maio, o frio chega com vontade e nos acompanha até meados de agosto, pra mim, que prefiro o calor, é uma época do ano que não aprecio muito... Esse frio também pode significar uma certa solidão, ausência de um companheiro, não propriamente um amor, afinal, está difícil acreditar nele. Tanto "ele" como o frio passam!
Daqui a mais ou menos trinta dias, estaremos em julho, o que nos remete às férias! É só aguardarmos - pacientemente - as notas finais e curtirmos esse tão merecido mês de descanso.

Mas enquanto julho não chega, preciso cuidar das minhas obrigações na faculdade. Só de pensar nesses prazos, dá um gelo... É hora de respirar fundo e invocar as musas inspiradoras lá da Letras pra encerrar o semestre.

Segue o endereço do site oficial do Kid Abelha, caso se interessem. A mensagem inicial: "Polinizando" e não "carregando", como estamos acostumados a ler. Todo personalizado, flores, abelhinhas e menu em formato de colméia. Eu achei lindo!

http://www.kidabelha.com.br/

Um beijo a todos os meus leitores!
 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Voltar a ser criança... Quem é que não gosta disso?



Oi gente!

Essa semana, além do Veta Dilma, outro assunto comentado à exaustão foi o depoimento de Xuxa a um quadro do Fantástico, O que vi da vida, no qual expôs muitos segredos de sua vida. Meu objetivo aqui não é entrar no mérito da questão, comentar o depoimento. Mas conversando agora à noite com uma grande amiga, aceitei a sugestão dela nesse post: Vou falar da Xuxa! Da Xuxa cantora, claro. Daquela que fez parte de minha infância e da infância de vários de vocês, com certeza também, leitores.

Vou postar a canção mais representativa dela, na minha opinião, Ilariê, de 1988, composição de Cid Guerreiro. Seguem a letra e o link da canção no Youtube, caso queiram ouvir e se lembrar...


Ilariê
Tá na hora, tá na hora,tá na hora de brincarpula pula bole bolese embolando sem pararDá um pulo vai pra frentede peixinho vai pra trásquem quiser brincar com a gentepode vir nunca é demaisIlari lari lari ê ô ô ôÉ a turma da Xuxa que vai dando seu alô
http://www.youtube.com/watch?v=ZB_bbJUUTOs

Vasculhando a internet, descobri que essa foi a música mais executada do ano de 1988, superando até as execuções das canções de Cazuza! Dá pra acreditar? Atingiu um enorme sucesso e fez parte de muitas festas infantis. Mesmo sem gostar, leitor, com certeza você, ao menos, ouviu falar...
É uma canção muito alegre, e ao ouvi-la, automaticamente me lembro dos meus tempos de criança. Dançava e cantava com minhas primos, amigos, (na verdade, nessa idade, tínhamos "amiguinhos"), irmãos, meninos e meninas... As canções da Xuxa sempre foram voltadas para o público infantil, não apenas para meninas. Era uma delícia! Eu fazia birra pra ouvi-la, enquanto não tocasse, eu não sossegava, ficava emburrada! Será que meus pais vão se lembrar disso? Quando revejo as fitas de vídeo (pois é, estou velhinha) dos meus aniversários, bate uma saudade gostosa! Até da nave da Xuxa, que aparecia em seu programa na televisão, eu sinto saudades, sempre quis conhecê-la por dentro...
Quando veio a febre do videokê, nos anos 2000, Ilariê era a minha preferida, por ser bastante alegre e ter esse gostinho de infância! Com ela, também era fácil de tirar uma nota alta nos campeonatos de videokê, mas juro que é só uma coincidência!
Há várias canções da Xuxa que eu adoro, além de Ilariê: Tindolelê, Abecedário da Xuxa, Brincar de índio, Festa de aniversário da Xuxa, Hoje é dia de folia, sendo essa a preferida da minha irmã, Festa do estica e puxa, Quem qué pão, A dança do Coco, Pipoca, É de Chocolate, Lua de Cristal, Tô de bem com a vida... Todas elas tem cheiro e sabor de bolo de aniversário e guaraná, não é?
Mas tem duas músicas que guardo dentro do meu coração de um jeito mais especial, pois as lembranças são mais significativas ainda: Salada mista, música que dancei no Natal de 1995 com minha irmã e  primas, fizemos coreografia, pintamos o rosto com as frutinhas (eu era a uvinha...) e Rir é o melhor remédio (gargalhada), música que dancei na formatura da pré-escola, também no remoto ano de 95... Caramba, agora me lembrei de tanta gente: família, colegas de escola, professores, entre eles, minha primeira professora... Até do meu vestidinho branco com um enorme laço prateado eu me lembrei! A saudade está grande, gente! Infância é a melhor época na vida, sem dúvida nenhuma!
É nesse clima de muita saudade que encerro esse post, antes que eu comece a chorar... Espero que vocês também tenham ótimas lembranças da infância pra compartilhar comigo!
Vou me despedir de vocês à La Xuxa hoje, nada mais justo: Beijinho, beijinho, tchau, tchau!

terça-feira, 22 de maio de 2012

Origens

Oi, gente!

Conforme havia dito a vocês no post anterior, vou iniciar meu trabalho baseando-me em uma canção belíssima, de 1953, parceria entre Luiz Gonzaga e Hervé Cordovil: "A vida do viajante", cantada pelo mestre Gonzagão e seu filho, outro grande nome da MPB, Gonzaguinha. Primeiro, a letra da música. Depois, seguem as minhas impressões.

A Vida do Viajante


Minha vida é andar por este país
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras onde passei
Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei
Chuva e sol, poeira e carvão
Longe de casa sigo o roteiro mais uma estação
E alegria no coração
Minha vida é andar por este país
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras onde passei
Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei
Mar e terra, inverno e verão
Mostro o sorriso, mostro alegria mas eu mesmo não
E a saudade no coração

Linda, não é?! Uma canção curta, mas capaz de nos contar uma grande história, a triste realidade da migração nordestina, do viajante, obrigado a fugir da seca, da fome, da morte no sertão e deixar para trás uma vida inteira, na esperança de viver dias melhores em outros lugares.


Toda essa realidade me é muito próxima, pois minha família tem origem no sertão da Bahia. Bisavós, avós, tios, mamãe... Todos eles cresceram em meio a essa região hostil: Falta de água, cultura agrícola e oportunidades de sobrevivência obrigaram meus familiares a deixarem sua terra e migrarem para o estado de São Paulo, em franca expansão àquela época. Imagino como deve ter sido triste para a minha família - e para tantas outras - essa realidade: Amar sua terra e simplesmente não poder viver lá.


A referida canção, porém, não significa apenas tristezas para mim. Não é uma música, a meu ver, melancólica, pelo contrário: É alegre! Eu me lembro que, desde pequenininha, adorava ouvi-la. Acho que eu já entendia a referência às minhas origens! Tenho o costume de "guardar as recordações", assim como o verso cantado. Sou uma pessoa bastante saudosa... Outro verso com o qual me identifico também é: "Mostro o sorriso, mostro alegria mas eu mesmo não". Quantas vezes eu me pego sorrindo pro mundo mas triste por dentro. Todos nós temos dias ruins, mas às vezes, é melhor guardar nossas tristezas e seguir em frente. Na vida temos que passar por tudo para amadurecer, virar "gente grande".

Luiz Gonzaga é um brilhante cantor e compositor e suas músicas  fazem parte de muitos momentos da minha vida. Garanto que ele aparecerá por aqui mais vezes...

E vocês, o que acham? Quero saber sua opinião ou crítica, leitor!

Um beijo e até o próximo post!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Boas vindas a mim e a vocês!

Oi, gente!

Como vocês podem ver, criei um blog, pois há algum tempo, várias pessoas queridas me sugeriram a ideia de montar meu espaçozinho na internet. Fui alimentando a ideia, muito boa por sinal, e consegui, com a ajuda de uma grande parceira, fechar o eixo temático desse espaço. Aqui eu falarei sobre música, a "coisa" que mais me desperta sentimentos e lembranças nesse mundo! Minha intenção é falar sobre o que eu sinto ao escutar determinada música: tristezas, alegrias e até o provável não-entendimento de uma canção, afinal, há muitas letras boas por aí, mas a gente não é obrigado a entender tudo de tudo, não é mesmo?
Darei prioridade à música popular brasileira, mas isso não quer dizer que as canções "gringas" ficarão de fora, não! Quero começar a falar sobre o que eu sinto ao ouvir músicas de ninguém menos que Luiz Gonzaga, afinal, 2012 é o ano de centenário do Rei do Baião. Além desse motivo, há outros... Mas só conto a vocês na próxima postagem!

Estou aberta a sugestões, críticas, elogios, tudo o que meus leitores (que chique!) tiverem vontade de me falar, sem medo. Eu só não quero falar sozinha por aqui, hein, gente?! Vocês me ajudarão a dar a cara, o perfil pro meu blog.

Falando um pouquinho de mim... Tenho 23 anos, sou estudante de Letras/Português da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP) e faço estágio na biblioteca da Escola de Educação Física e Esporte, também da USP (EEFE/USP). Tenho uma família grande - e linda - à qual sou muito apegada. Graças a meus pais, gosto tanto assim de música, não é de hoje que eles me ensinaram a ouvir e a refletir sobre canções preferencialmente brasileiras. Costumo dizer por aí que a herança que meus papais deixarão a mim e a meus irmãos é puramente cultural!

É isso, gente. Espero conseguir deixar registradas por aqui as sensações que as músicas me despertam, um pedacinho do meu eu musical.

Beijos!!