Caros leitores, seguem as minhas impressões a respeito da música "Panis et circenses", composição de Caetano Veloso e Gilberto Gil, interpretada pelos Mutantes no final da década de 60.
Panis et circenses
Eu quis cantar
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Mandei fazer
De puro aço luminoso um punhal
Para matar o meu amor e matei
Às cinco horas na avenida central
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Mandei plantar
Folhas de sonho no jardim do solar
As folhas sabem procurar pelo sol
E as raízes procurar, procurar
Mas as pessoas na sala de jantar
Essas pessoas na sala de jantar
São as pessoas na sala de jantar
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
http://www.youtube.com/watch?v=-Vjci0Hx7l0
O link do vídeo é da interpretação de Marisa Monte, em minha opinião, um tanto mais doce que a versão original.
Lembro-me que gostaria que essa canção fosse a primeira que eu comentasse no blog, mas por uma série de motivos, segui por outra vertente, até que ela me veio, novamente, à cabeça.
Imaginar o contexto em que ela foi composta: Brasil em plena Ditadura Militar. Cerceamento de liberdades e criatividade. Será que nós, mais jovens, conseguimos dimensionar essa prisão? Querer compor, escrever e simplesmente não poder. A situação que, por um lado, violentou a capacidade criativa de nossos queridos compositores, por outro, fê-los maiores ainda, uma vez que deveriam driblar a censura.
O que essa canção me diz? A vontade de sonhar é grande! As raízes, que vão a fundo, buscando, buscando... A folha, que vai ao sol... Soltar tigres e leões, numa tentativa de expor as mazelas humanas, fazer gritar. E, ainda assim, ver as pessoas se ocupando apenas de si mesmas, sem prestar atenção no próximo ou com a situação à sua volta. Parece-me que a criatividade vem sendo deixada de lado. O mundo moderno exige competitividade, dinâmica, rapidez na tomada de decisões. O tempo da arte passou? Ainda quero acreditar que não. Sempre haverá gente preocupada com valores artísticos, por mais escondidas que essas pessoas estejam. Hoje não temos mais censura. Mas será que a vontade desapareceu?
Deixo-lhes essa reflexão, leitores. Um beijo!
As vezes me faltam palavras... deixo aqui apenas a minha admiração pela sua escrita... e sempre sua sensibilidade
ResponderExcluirObrigada, minha flor! Um beijo pra você!
ExcluirLara, como sempre arrasando na sua interpretação...parabéns.
ResponderExcluirBeijo no seu coração.
Ow, tia linda, obrigada!
ExcluirUm beijão pra você
Um vez vi uma entrevista com a Marieta Severo. A entrevistadora perguntou se ela achava que a ditadura incentivou a arte, por ser muitas vezes a única forma de protesto. Ela respondeu: "A liberdade é o melhor campo para arte, sempre." Fico pensando...nós temos sorte, somos uma geração que nasceu livre, e o que fazemos com nossa liberdade?
ResponderExcluirCarol, eu me faço a mesma pergunta: O que nós fazemos dessa liberdade? Ainda não consegui achar a resposta, mas concordo com o que disse a Marieta Severo.
ExcluirGrande beijo!