quarta-feira, 20 de junho de 2012

"E 'praquele' que provar que eu tô mentindo, eu tiro o meu chapéu"

Ah, Raul... Que gênio, que voz, (que sotaque baiano lindo), que compositor. "Eu nasci há dez mil anos atrás", de 1976, é de sua autoria em parceria com Paulo Coelho. O link do vídeo é do clipe oficial.


Eu nasci há dez mil anos atrás


Um dia, numa rua da cidade, eu vi um velhinho sentado na calçada
Com uma cuia de esmola e uma viola na mão
O povo parou pra ouvir, ele agradeceu as moedas
E cantou essa música, que contava uma história que era mais ou menos assim:


Eu nasci há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais


Eu vi Cristo ser crucificado
O amor nascer e ser assassinado
Eu vi as bruxas pegando fogo
pra pagarem seus pecados
Eu vi
Eu vi Moisés cruzar o Mar Vermelho
Vi Maomé cair na terra de joelhos
Eu vi Pedro negar Cristo por três vezes
diante do espelho


Eu nasci há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais


Eu vi as velas se acenderem para o Papa
Vi Babilônia ser riscada do mapa
Vi Conde Drácula sugando o sangue novo
e se esconder atrás da capa
Eu vi
Eu vi a arca de Noé cruzar os mares
Vi Salomão cantar seu salmos pelos ares
Eu vi Zumbi fugir com os negros pra floresta
pro Quilombo dos Palmares
Eu vi


Eu nasci há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais


Eu vi o sangue que corria da montanha
quando Hitler chamou toda a Alemanha
Vi o soldado que sonhava com a amada
numa cama de campanha
Eu li
Eu li os símbolos sagrados de Umbanda
Eu fui criança pra poder dançar ciranda
E quando todos praguejavam contra o frio
Eu fiz a cama na varanda


Eu nasci há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais


Eu tava junto com os macacos na caverna
Eu bebi vinho com as mulheres na taberna
E quando a pedra despencou da ribanceira
Eu também quebrei a perna
Eu também
Eu fui testemunha do amor de Rapunzel
Eu vi a estrela de Davi brilhar no céu
E praquele que provar que eu tô mentindo
Eu tiro o meu chapéu


Eu nasci há dez mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais


http://www.youtube.com/watch?v=3j2x29Lymtc

Tenho muitas coisas legais pra dizer, mas... Quero fazer diferente hoje. Como meus queridos leitores sempre contam histórias bacanas em toda nova postagem, quero que vocês façam os comentários dessa canção: O que sentem ao ouvi-la? Gostam? Não gostam? Há lembranças? O que acham do clipe? É um exercício diferente, vamos lá, participem, comentem, narrem histórias de outras canções de Raul Seixas, contem-me até se não gostam do som dele, vocês não serão condenados por isso, garanto.  Quero todo mundo construindo o blog comigo!


Pra vocês, eu tiro o meu chapéu!


Um beijo!

9 comentários:

  1. *Aiiii, deu tilt aí no texto, tem umas barras brancas que escondem o escrito, não sei mesmo o que aconteceu, desculpem-me! :/
    Mas está fácil de consertar, é só você clicar na linha e arrastar, enfim, selecionar, que o texto aparece.
    Desculpem mesmo... Na edição não estava assim.

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  2. Gosto demais demais demais. Lembra a infância. Meu pai gostava =)

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    1. Nossa, Ju, que delícia! E que saudade do seu pai... Lembrei-me muito dele quando postei Sobradinho.
      Valeu por compartilhar comigo!

      Beijo grande!

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  3. Me lembrei tanto do livro O Mago, biografia de Paulo Coelho que conta em detalhes como ele e Raul Seixas se conheceram... muito bom o livro, recomento. Ouvir Raul me dá um pouco de tristeza, não sei se é a letra, a melodia, mas não é algo que eu me sinta bem ouvindo. Parecem músicas de despedida não sei ao certo, mas respeito, e muito.

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    1. Ah, Céci, eu tinha certeza que você comentaria sobre O Mago, sei que você amou este livro!
      Você fica triste? Mesmo ouvindo as músicas mais alegres, divertidas? Será que é pela história de vida dele, que você conhece em detalhes? Ou pelo fato de serem canções com um som antigo? Não sei se me fiz entender... O que você acha?

      Beeijo!

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    2. Os dois Lara, mesmo antes de saber sobre a história de vida dele eu já achava triste, quando soube detalhes, inclusive da morte, mais triste ainda.. assim como fico triste ouvindo Elis, e as pessoas falam: COMO PODE ALGUÉM NÃO GOSTAR DE ELIS REGINA? ou mesmo RAUL SEIXAS? Não gosto, acho triste... não posso dizer o mesmo de Clara Nunes que sou apaixonada...

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    3. Entendo você. Acredito que o triste e o belo andam lado a lado. Não traz uma boa sensação... E você levantou uma questão muito bacana: Não é porque é clássico que todos devem gostar. Por exemplo, na minha visão, Whitney Houston, Mariah Carey e Celine Dion cantam maravilhosamente bem, mas se eu ouço suas canções, choro, fico triste. (Você sabe muito bem, não é?)
      Muito bom você ter contado isso aqui, Céci!

      Um beijão!

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  4. Adooro Raul, Lara, a começar por esta que vc postou, "gita", "metamorfose ambulante" e "tente outra vez" - que dá bem um nó na garganta, linda demais!! Eu vejo nele uma coisa tão atemporal, tão maluca, que p/ mim é como se fosse o sucesso do momento. É uma outra figura que me remete muito à nossa família, então tem toda uma nostalgia especial!! Contraditório, né? Nostálgico e contemporâneo... coisa de gênio, issoae! Beeijo :)

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    1. Gênio, sem dúvida! Eu gosto muito do som dele também! Fico pensando... Como foi a época em que ele estava vivo e propondo uma sociedade alternativa? Você falou uma palavra interessante: Maluco! Ah, com certeza foi maluquice... Mas uma maluquice saudável! HAHAHAHAHAHA
      Realmente tem a cara da nossa familia, Dani!

      Beeeijoooo!

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